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A beleza fria da geada
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A beleza fria da geada

Aqui na Pousada Potreirinhos, em São José dos Ausentes, tem alguns dias do ano que o visitante pode ser brindado com um espetáculo ímpar, que reúne beleza e frio. Bom para aqueles que se dispõem a levantar cedo, pouco antes do sol dar as caras, colocar todas as roupas que trouxe e sair para o campo apreciar o branco intenso de uma geada que esfria até os ossos do vivente. Mas vale cada segundo passado por ali até que o sol, com seu calor crescente, vá derretendo tudo e fazendo as cores do campo retornarem ao seu padrão dourado de final de outono, início de inverno.
Assim foi a grande geada do dia 19 de maio de 2021 e para que este fenômeno se forme, tem que haver uma soma de fatores ambientais. O céu não pode estar nublado e quem é do campo sabe que olhar a noite muito fria e enxergar estrelas, pode ser prenúncio de geada; tem que haver intensa formação de orvalho no capim durante a madrugada; não pode ter vento; a temperatura nas últimas horas da madrugada tem de ser negativa, ou ficar no entorno de zero graus. Aí temos o fenômeno com toda a sua intensidade, como ocorreu no dia de ontem, 19 de maio aqui na pousada e em toda a região de São José dos Ausentes.
Saí cedo da cama e fui ao campo, munido da minha câmera, para ver e sentir o frio silencioso de uma manhã branca no campo nativo. Todo o gramado das baixadas, cercas, muros, pedras ou o que mais estava exposto, tinha assumido uma capa de cristais de gelo que deixava tudo com um ar glacial e um encanto de filme. Ao caminhar, a grama estalava, sacudia e polvilhava os cristais de gelo pelo chão e pelas botas fazendo um som curioso de milhares de pequenas coisas se quebrando. Vejo o gado vagando quieto e penso como deve ter sido a madrugada gelada deles quando encontro uma marca no campo, arredondada e bem amassada, sem geada. Logo percebi que no local dormiu uma das vacas do rebanho da fazenda onde o bicho se aninhou e esquentou o chão impedindo a geada de se formar. O custo disso foi ter recebido o frio pelo lombo e pela parte do corpo que ficou exposta. Mas o bicho é forte e deve estar acostumado. Imaginei ele dormindo, a geada se formando em volta e ele, sem alternativa, esperando o dia clarear e o sol esquentar e derreter tudo.
A vida no campo aberto é medonha nestas madrugadas de frio intenso, só resistindo mesmo quem tem bom tutano e muita persistência. E isso é válido também para mim que teimo em gostar de frio e da vida no campo. Cada um tem sua essência e seus gostos, o que mostra a diversidade da nossa espécie e que nos permite viver dos polos ao Equador.

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