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A Mulher do Gaúcho
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A Mulher do Gaúcho

No geral, é vítima do destino. Nascida em um rancho de gente humilde, logo no início torna-se, apesar da tenra idade, responsável por seus irmãozinhos, ajudando a mãe a criá-los. Dos 8 aos 10 anos, irá ao colégio, se houver nas redondezas. E a frequência não vai além da necessária para ler e rabiscar um bilhete. Depois de moça, criada sem infância, não conhecerá liberdade da qual desfruta a mocidade. Seus namoros serão controlados. Junto aos namorados, jamais agirá por si mesma.
Depois de casada, logo passará ao “ról” das velhas. Em bailes, dançará pouco e por pouco tempo. Lua-de-mel, é coisa ignorada. Nos primeiros dias de casada terá os pais e irmãos ao seu costado. Se for morar com o noivo, isto é, com o marido, logo lhe darão uma companheira, pois “mulher só não dá certo”.
Garantido: no primeiro ano, terá um bebê. E nos outros também, e sua missão estará definida: criar filhos, cozinhar, costurar lavar, passar, criar pintos, terneiros guaxos, ajudar no plantio e colheita da chácara, ordenhar cedo, todas as manhãs.
Passeios? Para quê, se há tanto a fazer? À cidade só vai quando há doença nela ou nas crianças. No rancho, ela faz e resolve tudo. No marido, encontra um companheiro e pai amoroso para os filhos, mas completamente alheio aos serviços domésticos, suas necessidades e carências de conforto. Das roupas usadas, faz vestes para os filhos e, as roupas velhas dos filhos maiores, ela diminui para os menores...
Trata dos doentes com auxílio de remédios caseiros e fé em Deus. Não se lastima contra a sorte nem se arrenega. Cumpre sua árdua tarefa como se esta lhe fosse imposta pela vontade de Deus. Não cobiça o alheio, nem inveja a vida dos patrões. Sem outro apoio que não o do marido, isolada em seu rancho, dá aos filhos uma educação onde prevalece o respeito às pessoas mais velhas e o temor à Deus...
E criam-se assim, nesse ambiente de honestidade, honradez, segurança e alegria de viver!
Aspectos da sociologia do Rio Grande do Sul... a nossa terra.

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