A VIDA ACONTECE NOS SÁBADOS
Manhã de sábado. Eu, em São Chico. A pauta era chegar, em Canela, por volta das 10h30min e ir direto na Feirinha Ecológica e Cultural, ali ao lado do Centro de Feiras, conversar com a artista Kira Luá sobre os 35 anos de arte dela, para produzir uma grande matéria e ainda ali passar no brechó Garimpos de Gaia, da Naira, para experimentar um blazer risca de giz, que estava encomendado. Pelos meus cálculos, às 12h30min eu estaria me despedindo, almoçaria um sanduíche, alguns minutos para olhar o céu e as nuvens e depois ir direto para as audições do Natal Luz, cliente de assessoria de imprensa, em Gramado. Tudo cronometrado. Vai dar certo. Dentro desta, previsão pontual de horário, estava o voltar para São Francisco de Paula, até às 18h e adiantar dois textos antes do feriado.
Só que quando se chega na Feirinha, o relógio para de funcionar. O tempo lá é outro. A pressa se perde na calçada e por lá fica. Os sentidos se encantam entre flores, frutas, verduras, bolos, temperos, pães, roupas, livros, antiguidades e gente. O celular já estava guardado na mochila, a conversa acontecia com a Kira, a Naira, a Amallia, a Simone e tantas outras pessoas. Naquela manhã de sol nada mais era urgente. O apelo do tempo presente se fez e eu obedeci. O necessário era parar, ouvir música, conversar, provar um tantinho de cada comida e observar a vida que acontecia de fato ali.
Depois de dois anos de isolamento, se perceber no meio de outras pessoas, é muito emocionante. Acabamos de testemunhar uma pandemia histórica e única, onde perder e ganhar tornou-se nossa gangorra diária. Por isto ver tanta gente sorrindo reunida novamente é emoção certa. Pessoas precisam de laços, de convívio social. Precisam de sol, de alimento, beleza, cultura e diversão. Pessoas precisam de pessoas para viverem. Esta é a verdade maior da vida.
Me perdi no horário com maestria. Levei o blazer risca de giz, programei a matéria sobre a história da Kira, troquei abraços, conversei, me renovei naquele espaço tão social. A agenda toda foi cumprida com um sorriso no rosto e com mais suavidade. Neste turbilhão atual, que ainda é 2022, precisamos dar um salve à Feirinha e sua magia de promover vida nos sábados.
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