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ACOLHER É A MELHOR PREVENÇÃO
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ACOLHER É A MELHOR PREVENÇÃO

 

A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo, o que totaliza cerca de um milhão de casos por ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, ocorre um suicídio a cada 45 minutos.

Por ano, são registrados cerca de 12 mil suicídios, principalmente entre jovens de 15 a 29 anos. Destes, cerca de 96,8% estão relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar, está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias. No entanto, esses números podem ser bem maiores devido à subnotificação, que ainda é uma realidade. No que se refere às tentativas de suicídio o número é ainda mais assustador: uma pessoa atenta contra a própria vida a cada três segundos.


Com o objetivo de prevenir e reduzir esses números, desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Centro de Valorização da Vida (CVV), organiza anualmente a campanha do Setembro Amarelo. O dia 10 deste mês é oficialmente o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano.


Para o coordenador nacional da Campanha Setembro Amarelo, Dr. Antônio Geraldo da Silva, prevenir o suicídio é falar corretamente sobre o tratamento dos transtornos psiquiátricos. “Em 2019, trabalhamos com o conceito de que combate o estigma é salvar vidas. Tendo em vista a relação entre óbito por suicídio e a presença de transtornos psiquiátricos, não podemos ignorar esta informação. O acompanhamento correto da doença mental de base é o primeiro passo para cessar a ideação e o comportamento suicida”.


Ele diz ainda, em nota à imprensa, que o suicídio é uma emergência médica e, por isso, precisa de intervenção especializada para que possa ser evitado. O papel da sociedade na campanha Setembro Amarelo é fundamental para que se chegue ao maior número de pessoas possível com orientações efetivas de orientação sobre o risco, fatores de proteção e também na emergência do suicídio.


O psicólogo clínico Alexandre Kury, integrante do grupo Unimed, explica que, de uma maneira geral, as doenças emocionais ainda sofrem muito preconceito. “É triste nos depararmos com uma realidade onde pessoas instruídas ainda exercem algum tipo de psicofobia, seja menosprezando profissão do psicólogo/psiquiatra ou até mesmo agindo de forma diferente com os seus que procuram estes profissionais por vezes por questões de saúde e não de doença”.


Se tratando de apenas um mês para a conscientização sobre valorização da vida e a prevenção ao suicídio, Alexandre diz que o Setembro Amarelo surgiu a partir de uma iniciativa de promoção de saúde e busca conscientizar as pessoas que julgam as doenças emocionais como bobagem. “A importância é extrema, mas ainda a muito trabalho pela frente. Não adianta colocar uma foto na rede social, um texto bonito sobre o Setembro Amarelo e, nos outros 11 meses do ano, esquecer que a necessidade de abrir esses espaços continua”, afirma.


O fato de estarmos vivendo em uma sociedade que pode ser considerada egoísta, onde as telas dos celulares fornecem algoritmos que nos colocam dentro de uma redoma que vemos apenas o que é de nosso interesse e, ao mesmo tempo, a vida dos outros em determinadas redes sociais parece tão distante da nossa que isso acaba por nos adoecer. “Porque não nos desconectarmos um pouco, voltar mais a atenção à nós, buscar alimentar nosso conhecimento com leituras, filmes e momentos que nos tragam verdadeira alegria?”, sugere Alexandre.


Quanto à convivência com pessoas que estão passando por um momento difícil, Alexandre diz que devemos buscar ser menos o dedo que aponta e mais a mão que auxilia. O que remete as propostas da campanha “Você não está sozinho” e “Falar é a melhor solução”.


A ausência de sentido e de propósito são alguns dos motivos que podem levar uma pessoa a tentar suicídio. Portanto, nem sempre é pelo fato de a pessoa ter depressão, mesmo que exista sim uma ligação. “Também não é sinal de fraqueza, é quando a pessoa não vê mais saída e esta é a única alternativa para interromper a dor que ela sente”, explica Alexandre.


A dor, neste caso, pode ter diferentes origens. “Acredite, sempre podemos dar um jeito nessa dor, viu?! A dor tem solução, a morte que o suicídio provoca não”, afirma Alexandre. Ele orienta que as pessoas que estejam passando por um momento difícil, devem procurar dividir isso com alguém que realmente confiem, e buscar imediatamente auxílio profissional. “Essa dor pode ter fim”.


O MUSTANG AMARELO


Em 1994, nos Estados Unidos, o jovem de 17 anos engraçado, amoroso e prestativo Mike Emme tirou a própria vida em frente ao seu Mustang 68, que ele mesmo havia restaurado e pintado todo de amarelo. Em seu funeral, seus amigos lançaram uma fitinha amarela com uma frase de cuidado e escuta: “Se você precisar, peça ajuda”. Em pouco tempo os cartões se espalharam pelo país e começaram a surgir mais e mais cartões com pedido de ajuda.


Por esse motivo, a fitinha amarela foi escolhida como símbolo do programa que incentiva aqueles que têm pensamentos suicidas a buscar ajuda. Em 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o dia 10 de setembro ara ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio.

 

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“PERDI 16 QUILOS EM DOIS MESES”

Uma entrevistada, que não quis se identificar, conta que descobriu que sofria de depressão quando tinha 38 anos. “Eu só tinha vontade de chorar, ficar sozinha no quarto e não tinha vontade de comer”, conta.
As crises de choro, frequentes em quem tem depressão e outros fatores, fizeram com que ela perdesse a vontade de viver, ficando até mesmo sem se alimentar. “Perdi 16 quilos em dois meses”, relembra.


Segundo a filha da paciente, ela sentia muita angústia porque queria que a mãe melhorasse logo. “Eu e meu pai não podíamos deixar ela sozinha se não ela poderia fazer besteira”. Ela diz que a mãe era a criança deles. “Tínhamos que estar toda hora por perto, conversando, mesmo sem ela querer conversar”, conta.


A ajuda de um profissional aconteceu quando sua mãe ficou sabendo que ela tomava vários remédios. “Ela me levou ao médico. Só pensou em me ajudar”. E ressalta: “A minha família foi muito importante neste momento”. A paciente aconselha que as pessoas que estão nesta mesma situação procurem ajuda no início. Para ela, um único mês de conscientização não é suficiente. “É um trabalho contínuo. Fiquei seis anos em tratamento. Tomei remédios e tive acompanhamento de um psiquiatra”, diz.


Mesmo estando melhor, ela afirma que às vezes sente uma tristeza, mas que consegue controlar melhor do que antes. “Às vezes tenho medo de voltar a ter depressão. É horrível. Esta doença é mais forte que a pessoa”.

 

“É PRECISO SABER LIDAR COM A DEPRESSÃO”

Outra paciente, que também não quis se identificar, disse que conviveu por muito tempo com a depressão e aconselha que pessoas que estão na mesma situação devem trabalhar o corpo, a mente e o espírito. “O corpo através dos remédios, a mente através da psicoterapia e o espírito pela espiritualidade”, diz.


Para ela, essas três formas juntas ajudam a atingir o equilíbrio e buscar a cura. “Mas o que cura é a consciência de que se deve mudar e tudo vai depender do seu querer, da sua força interior. É preciso buscar a transformação”.


Durante o tratamento, ela aconselha que o paciente seja ativo e não passivo. “É preciso buscar seu melhor remédio, a melhor terapia, a melhor espiritualidade. O autoconhecimento é muito importante para você entender a depressão e saber lidar com ela”. 

 

SE VOCÊ PRECISAR, PEÇA AJUDA

O Centro de Valorização da Vida (CVV) promove apoio emocional e prevenção ao suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone (188), e-mail e chat 24 horas.

 

CANELA PROMOVE ATIVIDADES ALUSIVAS AO SETEMBRO AMARELO

 

A secretária adjunta de Saúde, Rosane Boelter Scur, afirma que Canela está promovendo ações alusivas ao Setembro Amarelo em todas as Unidades de Saúde, geralmente em grupos de sala de espera.


Segundo dados do CAPS, de janeiro a agosto de 2019, foram realizados 252 atendimentos de episódios depressivos, 97 casos depressivos leves, 223 depressivos moderados, 585 depressivos graves sem sintomas psicóticos e 88 depressivos graves com sintomas psicóticos. Dos pacientes atendidos no CAPS, aproximadamente 40% apresentam intenção suicida e, destes, 15% com planos suicidas, inclusive pensaram em como realizar. Outros episódios em saúde mental totalizam 1.253 atendimentos.


O apoio prestado pela Secretaria de Saúde às pessoas que estão sofrendo de depressão e pensamentos suicidas se dão por meio de indicação clínica de tratamento no CAPS. “Os pacientes que não tem indicação clínica de tratamento no CAPS são acompanhados nas unidades de saúde com profissionais de psicologia”, afirma Rosane. O atendimento com o médico psiquiatra é realizado na Unidade de Saúde Central e no CAPS.


O acompanhamento dos pacientes de saúde mental é feito por toda a rede de saúde do município. “Acontece diariamente nas unidades de saúde o chamado acolhimento, escuta qualificada, para as demandas por território, por profissional técnico de nível superior, como enfermeiras, assistentes sociais e psicólogos”, explica Rosane. A secretaria adjunta diz ainda que, se for necessário, é feito o encaminhamento para o profissional de saúde mental ou para o CAPS.


Considerando que a demanda de pacientes é crescente, a oferta de profissionais na rede pública acaba sendo insuficiente, gerando uma demanda reprimida. “Outra problemática é a de não adesão ao tratamento e pouco apoio familiar para os pacientes”, diz Rosane.


Outra ajuda da Secretaria de Saúde é a de encaminhar os pacientes com sinais de depressão para a Academia Municipal e oficinas terapêuticas. “Os pacientes são encaminhados com documento de referência e contra referência em saúde. Um protocolo que informa os dados do paciente para outro profissional”, conta Rosane.

 

O município também dispõe da Relação Municipal de Medicamentos (REMUME), que trata da listagem de medicamentos que são ofertados para os pacientes na Farmácia Municipal. “Sempre que possível os profissionais são orientados a prescrever os medicamentos da listagem básica do município”, afirma Rosane.


Atualmente, o município dispõe de duas psicólogas (40 h semanais), uma psicóloga (30 h semanais) e três psiquiatras, que atuam 52 h semanais. “Está sendo providenciado edital para contratação temporária de mais dois psicólogos”, adianta Rosane.

 

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PROGRAMAÇÃO

Quarta-feira (18)

9h45: Caminhada pelo Setembro Amarelo com o tema “Todos pela Vida”, organizada pela equipe do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Na praça João Corrêa, será realizada uma aula de Zumba, coordenada pela educadora física Patrícia, da Academia Municipal. Toda a população está convidada a participar.

Terça-feira (24)

13h30 às 15h30: Palestra com a Dra. Soraya Maihub Manara e a Dra. Ana Luisa Martinez, sobre “Acolhimento das Questões da Adolescência”, na Câmara Municipal de Vereadores. 

 

 

 

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