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As Décimas
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As Décimas

As antigas “Décimas”, são composições que trazem por objetivo maior, “historiar”, um fato, um ocorrido. Geralmente com um fundo verdadeiro, discorriam os poetas, sobre os mais variados temas.
Como no caso abaixo, recolhido por Rui Cardoso Nunes, em seu livro “Morcegos...” (Martins Livreiro – Editor – 1985).
Décima do Crispim
O gaúcho que eu falo, conhecido por Crispim me contou a sua história, que em resumo foi assim:

“Eu tinha Engenho de Cana, era sujeito arrumado.
Tinha minha plantação e umas cabeças de gado.
Tinha meu cavalo bão, bonito e bem aperado.
Porém é um causo bem certo, que ninguém foge à sua sina.
Por tê morto um aragano / que até a polícia temia
viajei por muitos dia / e passei uns par de ano
na fronteira da Argentina.

Noites de chuva e de frio / das mais escura e mais feia
eu durmi dentro do mato / pra não durmi na cadeia.
Gente maleva que havia / a polícia não prendia.
Se eu fui assim perseguido / não foi não por sê bandido
mas porque sou independente / e nunca fui do partido que apoiava o intendente.

Na fronteira muitos ano / de vida braba eu passei
um dia tive saudade / desta terrinha e voltei.
Eu tinha uma vida limpa, / não tava fora da lei,
pois em defesa da honra, / da minha honra ofendida, foi que um bandido matei.
Mas a polícia da vila / logo mandô me chamá,
pois quem deve pra a Justiça / um dia tem que pagá.
À força não me levaro. / Fui voluntário pras grade.
Fui porque sou um cidadão / que respeito a autoridade.

Depois de eu tê me entregado, / nem mesmo pra apanhá sol
me tiravam da prisão, / de medo que eu escapasse,
como se eu fosse um bandido, / como se eu fosse um ladrão.
Gastei o que não podia / fiquei de tanga de veiz
pra me livrá da injustiça / que a tal Justiça me feiz.
Levaro tudo o que eu tinha / que custei muito a ganhá,
mas há uma coisa comigo / que ninguém pode levá:
o meu orgulho de guasca / nem a morte há de tirá!
Agora, moço, eu to veio, / meu cabelo já tá branco,
ando muito adoentado. / Mas sô como boi zebu,
quando me espicho na cerca / ou varo, ou morro quebrado!”
(Gravataí, 1940).

As “Décimas” popularizaram-se no Brasil nas últimas décadas do século XVII, vindas de Portugal e, caíram no gosto do cantador brasileiro, como também do cancioneiro do Rio Grande do Sul... a nossa terra!

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