DE QUE COR É O TEU DEDO?

“O menino do dedo verde”, de Maurice Druon, é um clássico da literatura infanto juvenil. Seu personagem Tistu é um garoto que tem o poder de semear o bem por onde passa, com sementes e boas ações. É uma narrativa que fala principalmente sobre afeto. Nestes dias, em que precisamos defender atitudes e pensamentos verdes e óbvios, para conseguirmos chegar ao futuro sem constrangimentos, a disseminação de dedos verdes se faz mais que necessária. Talvez este seja nosso próximo hino de louvor à vida.
Em Canela conheço um homem com alma de menino, que tem dedicado a sua vida na multiplicação de mais dedos verdes. Cilon Estivalet é esta pessoa que coloca a própria existência à disposição da causa ambiental. Não como uma causa de interesses econômicos e politiqueiros, como tem sido tratada hoje, mas como uma razão para querermos viver, para continuarmos existindo como seres humanos de verdade.
É Cilon que cuida do Bosque de Canela, um verdadeiro patrimônio natural nesta cidade, que tem como slogan Canela, Paixão Natural. Junto ao Bosque se encontra a Biblioteca Comunitária do Canella, onde dezenas de crianças e adultos são recebidos, mês a mês, para ouvirem histórias sobre árvores, causos de preservação, além de presenciarem a força destes brotos, que vingam em prol do bem viver.
A continuidade do que somos depende de muitos fatores, inclusive de como respeitamos nossas diferenças. Mas talvez o mais relevante seja, enfim, reconhecermos que a ganância de sermos os donos da razão irá nos condenar a uma vida cada vez mais desafiadora, pobre, ressecada e alienante. Que o dedo verde, de Cilon Estivalet, alcance os corações das novas gerações, e das velhas também, porque neste momento a ciência tem chamado a afeição para trabalharem juntas, numa força tarefa de conscientização por tempos mais justos e harmoniosos.