EM 365 DIAS, 282 MULHERES ACOLHIDAS
UM ANO DA CASA VITÓRIA
O pioneiro serviço de apoio às mulheres vítimas de violência doméstica, a Casa Vitória, completou seu primeiro ano de atividades em 24 de agosto. Em 365 dias, a unidade acolheu 282 mulheres. Ou seja, a cada 31 horas, uma moradora de Canela é amparada no espaço. Para marcar as comemorações do primeiro aniversário, a Associação Coração de Ouro reuniu a rede de proteção para agradecer o empenho na proteção das mulheres.
O encontro também homenageou o “Agosto Lilás”, que é uma campanha de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher. Instituída por lei estadual, tem o objetivo de intensificar a divulgação da Lei Maria da Penha, sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre o necessário fim da violência, divulgar os serviços especializados de rede de atendimento à mulher em situação de agressão e os mecanismos de denúncia existentes.
“Todos aqui fazem parte de nossa rede. Somos muito gratas. O serviço é uma grande conquista para Canela”, destaca Natalí Brocker, coordenadora da Casa Vitória.
Conforme Natalí, 282 mulheres deram o primeiro passo para tentar sair do ciclo de violência. “Já consideramos uma vitória a atitude dessas mulheres guerreiras”, pondera.
INTEGRANTES da Associação Coração de Ouro com a presidente da OAB, Anne Grahl Müller, e a juíza Simone Chalela
Foto: Clauber Maciel
“UM PONTINHO DE LUZ NA MINHA VIDA”
“A Casa Vitória hoje, após um ano de atendimento, representa um pontinho de luz na minha vida. Encorajou-me a seguir. Meu deu forças para que eu não desistisse. Encontrei no sorriso das meninas da casa, desde a coordenação ao guarda vigia, um motivo para continuar a luta que ainda não acabou. Mas a diferença é que eu não estou só. O apoio, a mão estendida e a certeza de não mais estarmos caminhando sozinhas numa sociedade que ainda engatinha no combate à violência doméstica nos faz fortes. Para as mulheres vítimas de qualquer tipo de violência, eu faço um apelo: mesmo que o mundo te condene, continue respirando e siga. Somos mais de 200 mulheres atendidas na casa. Hoje, nós temos apoio constante. Existe uma rede que compartilha e abraça a nossa dor. Tudo vai mudar se não desistirmos!”
Terezinha Theodoro, 43 anos, foi vítima de violência e abusos durante muito tempo. Na Casa Vitória, encontrou, além de amparo, coragem para enfrentar seus traumas.
Foto: Dani Bat
COMO SURGIU A CASA VITÓRIA
O prefeito Constantino Orsolin destaca que a implantação da casa, adquirida pela administração e coordenada pela Associação Coração de Ouro, foi possível devido a participação, colaboração e empenho de muitas entidades e pessoas. “Não posso deixar de registrar que o imóvel foi adquirido diante das sucessivas demandas manifestadas pelo Ministério Público Estadual”.
Orsolin também destaca a efetiva participação e apoio da juíza Simone Chalela. “Numa reunião, ela me apresentou os dados das agressões sofridas pelas mulheres, que aumentaram consideravelmente devido a pandemia, manifestando a colaboração e interesse na implantação da casa abrigo, que recebe o nome de Casa Vitória”, completou.
PROTEÇÃO, ABRIGO E APOIO
O local é de proteção, abrigo e apoio às mulheres: proteção contra a violência, abrigo contra a agressão e apoio para começar uma nova vida. As portas da casa ficam abertas 24 horas por dia, sete dias por semana.
“Sem a rede de apoio dos demais serviços, sejam eles familiares, socioassistenciais, de segurança, saúde e educação, não conseguiríamos os mesmos resultados no trabalho de enfrentamento à violência. Sempre com o cuidado com a realização de um atendimento humanizado que elas encontram aqui”, comentou a secretária de Governança, Planejamento e Gestão, Carmen Seibt de Moraes, que no encontro representou o prefeito Constantino Orsolin.
Para a secretária, é uma política pública de fundamental importância para a cidade. “Tendo em vista a necessidade de promover os direitos humanos fundamentais das mulheres que se encontram em situação de extrema vulnerabilidade social, especialmente nesse contexto atual de grave crise econômica e agravamento das desigualdades, uma realidade que atingiu de forma mais contundente as mulheres”, avaliou Carmen.
COMO FUNCIONA
A juíza Simone Chalela relata que o local serve para atender todas as vítimas de violência doméstica que registrarem ocorrência, independente da necessidade ou não de acolhimento. Depois da expedição da medida protetiva, é agendado atendimento psicológico na instituição, seguido de acompanhamento jurídico inicial. O serviço é prestado pela OAB Canela/Gramado por meio de advogadas voluntárias.
“Tenho muito orgulho em fazer parte da história da Casa Vitória, e de ter lhe dado o nome, que surgiu da união de esforços e cooperação recíproca de organizações públicas e privadas em prol do fim da violência doméstica. Mesmo sendo a 14ª casa em todo o Estado e única que realiza esse atendimento diferenciado, muito ainda precisa ser feito para que possamos mudar a realidade, em que o alto número de casos de violência doméstica chega a patamares assustadores. Espero que a Lei Maria da Penha seja efetivada em sua integralidade, acompanhado de políticas públicas eficazes para a educação das gerações futuras, que nos possibilitarão viver numa sociedade igualitária de fato e de direito, em que todos, independente de gênero, tenham seus direitos respeitados”, destaca a juíza.
INFRAESTRUTURA
O espaço conta com sistema de câmeras, quartos respeitando a individualidade de cada família, sala de acolhimento com equipe técnica, cozinha/lavanderia, banheiros, sala de entretenimento infantil, sala de TV e disponibilidade de transporte nos casos de deslocamento da vítima. A casa de acolhimento prevê o atendimento de até 15 mulheres, em funcionamento ininterrupto, 24 horas por dia, sob plantão.
A presidente da OAB Subseção Canela-Gramado, Anne Grahl Müller, observa que a casa é resultado da união de forças e motivo de orgulho para a OAB Canela-Gramado. “Estamos vendo o resultado do nosso trabalho, em especial das advogadas que se disponibilizam a prestar a orientação jurídica de forma pro bono, auxiliando através de um atendimento digno estas mulheres que tanto precisam de carinho. Contamos com a ajuda da advocacia, em mais uma ação social de amor ao próximo, de responsabilidade social e em defesa da cidadania, principalmente para estas mulheres que querem ser donas de seus próprios destinos, saindo dessa vida de direitos violados.”, afirma Anne.
MAIS INFORMAÇÕES
[email protected]
(54) 9 8121.5174
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