Jornal Nova Época O Jornal do seu tempo

loader
X

Fale Conosco:

Aguarde, enviando contato!
<<< VOLTAR
EM DEBATE, O COMÉRCIO INDÍGENA E O SEU FUTURO
  • Compartilhe esse post
  • Compartilhar no Facebook00
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp

EM DEBATE, O COMÉRCIO INDÍGENA E O SEU FUTURO

EM DEBATE, O COMÉRCIO INDÍGENA E O SEU FUTURO

ENTORNO DA CATEDRAL DE PEDRA


O comércio indígena nas proximidades e no entorno da Catedral de Pedra continua sendo questionado por empresários locais. A polêmica e as principais queixas são sobre a ocupação do passeio público por bancas improvisadas, a origem dos produtos comercializados que, em sua maioria, não são artigos feitos pela mão do índio e também a mendicância praticada principalmente por crianças, um problema social que vem crescendo e precisa de maior atenção do poder público.


EM DEBATE, O COMÉRCIO INDÍGENA E O SEU FUTURO
EMPRESÁRIOS questionam ocupação de espaço e origem dos produtos vendido
s
Fotos: André Aguirre

 

Dados da Prefeitura revelam que residem na cidade 88 pessoas das etnias Kaingang e Guarani, divididas em três tribos. As aldeias estão instaladas na Floresta do Ibama, Barragem dos Bugres e em uma área às margens da ERS-235, em direção a São Francisco de Paula.

Conforme a assistente social da Secretaria da Saúde, Aneline Schimtt, que já atuou na Assistência Social, um levantamento sócioeconômico apontou que os indígenas que moram em Canela vendem produtos em frente a supermercados e outros tipos de estabelecimentos comerciais, mas também em Gramado, onde há um espaço específico para o comércio indígena. Segundo ela, a legislação federal permite que, devido a sua origem, o índio pode solicitar contribuições espontâneas em via pública para o seu sustento.

De olho no faturamento gerado pelo fluxo turístico, durante a alta temporada, o número de índios que vem a Canela para comercializar artigos nas ruas aumenta consideravelmente, gerando reclamações por moradores e lideranças do varejo. Os grupos alugam residências em caráter temporário e são oriundos de Iraí, Bento Gonçalves e Farroupilha.

Para equacionar a situação, Canela vem buscando um acordo com lideranças indígenas, com o envolvimento do Ministério Público Federal (MPF) e Fundação Nacional dos Índios (Funai) para concentrar o comércio indígena em um ponto único. Uma série de reuniões já debateu o futuro do comércio indígena na cidade, mas até o momento nada foi decidido. A administração municipal propôs duas áreas para serem ocupadas pelo comércio indígena, mas ambas as propostas não foram aceitas.

A indefinição sobre a possível destinação de um local para abrigar as vendas indígenas também incomoda as comunidades Kaingang e Guarani. “Eu não conheço os pontos, mas os vendedores dizem que não tem movimento neles”, diz Ilinir Roberto Jacinto, 52 anos, líder da comunidade de Iraí, que ocupa sete bancas na calçada da Catedral de Pedra. Os Kaingangs de Iraí revezam a exploração dos pontos instalados sobre o passeio público. Jacinto afirma que ele e a sua tribo vendem artesanato genuinamente indígena, mas concorda que outras etnias e tribos oferecem ao público materiais industrializados. “Outros parentes indígenas vendem produtos de pano. Eu entendo o lado dos comerciantes. Eles têm direito de reclamar”, admite Jacinto.

O líder Kaingang afirma que a sua comunidade vende somente artesanato e, por isso, pode ocupar espaços públicos com grande movimentação de turistas. “Não queremos vender plástico, pano ou roupas. Queremos vender artesanato. Nós somos contra parentes indígenas venderem esses produtos, mas se quiserem vender, tem que vender de forma legal”, afirma.

Conforme Jacinto, o sustento da comunidade indígena sempre veio da venda de materiais feitos artesanalmente e, por isso, ele e os Kaingangs que residem em Canela defendem a ocupação de espaços públicos somente para a comercialização de produtos fabricados por índios. “Vamos batalhar para termos um espaço para venda de produtos feitos pelo povo Kaingang”, garante. Ele cita o filtro dos sonhos, um objeto artesanal que é muito consumido como artesanato indígena, mas que é confundido com produto industrializado.

“Nós estamos tendo que comprar penas, miçangas, argolas de plástico para fazer. São produtos industrializados, mas a montagem é feita por nós. Estamos tendo que comprar até sementes porque não tem mais no mato. A natureza não está oferecendo mais. Está difícil de fabricar artesanato original, mas nós seguimos vivendo do artesanato feito por nós”, ressalta.

Para ele, a exemplo do que foi feito em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, o comércio indígena deve ser instalado em um ponto com boa circulação de turistas. “Nós estamos certo. Queremos vender produtos feitos por nós”, diz.

“A comunidade indígena de Iraí sempre viveu da venda do artesanato. Nunca precisamos vender plástico e roupas. Por isso, o poder público tem que conceder um espaço”.


ACIC BUSCA SOLUÇÃO DEFINITIVA

A Associação Comercial e Industrial de Canela (ACIC), entidade que representa o varejo, está envolvida na busca de soluções para as vendas feitas por indígenas em via pública, que para a entidade prejudica o comércio local. “Muitos comerciantes procuraram a ACIC desde o ano passado para buscar soluções junto aos órgãos públicos em vários assuntos: obra da Felisberto Soares, manutenção na Osvaldo Aranha e Júlio de Castilhos, comércio de ambulantes, venda de produtos falsificados nos comércios locais, vendedores de cotas e, principalmente, a questão do comércio nas redondezas da Igreja Matriz pelos indígenas”, conta o vice-presidente da associação, Ângelo Macedo.

“Desde então fizemos várias reuniões com o poder público, associados e também Ministério Público para buscar solucionar essas demandas. Também solicitamos orientação na Receita Federal. A questão mais complexa é o comércio dos indígenas, visto que a comercialização que deveria ser de produtos artesanais, feitos por eles mesmos, muitas vezes não acontece, o que prejudica os comerciantes que vendem produtos similares, mas tem toda a carga tributária, aluguéis, salários entre outras exigências”, avalia Macedo. “Estamos buscando uma solução definitiva junto a Prefeitura e Ministério Público para que isso se resolva o quanto antes”, afirma o empresário.


COMÉRCIO NO PRINCIPAL PONTO TURÍSTICO LOCAL

EM DEBATE, O COMÉRCIO INDÍGENA E O SEU FUTURO


Para a comerciante Patrícia Picoli, valorizar a cultura indígena e seu artesanato original deveria ser a postura de todos os brasileiros. “Porém, a situação que estamos presenciando no entorno da Igreja passa longe desta questão. Estamos falando de um comércio de itens industrializados, operado por um grupo que se aproveita de um espaço público e altamente turístico sem qualquer cunho cultural e poluindo visualmente o nosso cartão-postal”, cita. A empresária também questiona outras situações de cunho comercial que ocorrem no entorno da Catedral que, para ela, não condizem com a vocação turística de Canela e prejudicam o fluxo de visitantes.

  • Compartilhe esse post
  • Compartilhar no Facebook00
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp

Olá, deixe seu comentário para EM DEBATE, O COMÉRCIO INDÍGENA E O SEU FUTURO

Enviando Comentário Fechar :/

PUBLICIDADE Jornal Nova Época