FAÇANHAS DE OUTRORA
Semana do Gaúcho e diz o hino rio grandense “Sirvam nossas façanhas De modelo a toda terra. Mas não basta pra ser livre ser forte, aguerrido e bravo, povo que não tem virtude acaba por ser escravo. No estribilho: Mostremos valor, constância, Nesta ímpia e injusta guerra, Sirvam nossas façanhas De modelo a toda terra, De modelo a toda terra”. E este é o tom de setembro, que comemorou no dia 20, o Dia do Gaúcho, umas das datas mais importantes para a história do Rio Grande do Sul.
A Guerra dos Farrapos, que aconteceu nesta data, no ano de 1835, foi uma guerra financiada pela classe dominante gaúcha, constituída de estancieiros, os donos de grandes propriedades rurais, gado e negros escravizados. Indignados estavam eles com os elevados impostos territoriais, além de altas taxas sobre as exportações de charque, couro e sebos.
Esse conflito só chegou ao fim no ano de 1845. Meus antepassados de lá desta época foram donos de terras, aqui nos Campos de Cima da Serra. Não foram ricos de moedas ou gado ou escravo. Meu bisavô Plínio Soares tinha na casa da Barragem do Salto um lenço vermelho e outro branco. Não sei qual era a sua posição política, pois nossa convivência aconteceu na minha primeira infância e não recordo de palavras, mas de experiências. A sua casa com chão batido. O cachorro fiel e o gato amarelo, que me arranhou no pulso. Lembro das conversas no verão, sentado embaixo da parreira na frente da casa, com quem quer que chegasse, fosse branco, preto ou amarelo, a pele do visitante. Meu bisavô era poeta. Foi homem de pouca instrução acadêmica, tinha poucas roupas no armário e poucas panelas na cozinha, mas sabia sobre rimas e observava a lua. Mais do que terras e dinheiro no banco, o Plínio repetia que a maior riqueza de uma pessoa era o seu nome e fazia eu repetir o meu nome inteiro: Patrícia Soares Viale.
Em 1994, quando aqui comecei a carreira de jornalista, repeti isto todos os dias: a tua maior riqueza é o teu nome, Patrícia Soares Viale. E assim o fiz pela região, seu Plínio! Porque as nossas façanhas, de hoje, se fazem com estas verdades de outrora. E no honrar o meu nome de hoje, eu honro os meus antepassados, que aqui iniciaram história. Que as datas e a continuidade da história sirvam para revermos valores e nos tornamos pessoas mais humanas e solidárias.
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