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Memórias com sabor de sorvete
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Memórias com sabor de sorvete

Resgatando, de tempos em tempos, um pouco da história e alguns “causos” de lugares onde canelenses se reuniam (hoje proibido, até segunda ordem), a coluna volta com o Bares & Prosas para lembrarmos do Café Rex. Os da antiga recordam dele, os mais moços até há pouco tempo passavam na frente sem saber que o prédio de fachada em curva, na esquina da Dona Carlinda com João Pessoa, foi esse famoso café. Digo “passavam” porque o prédio foi demolido em 2018, dando lugar a salas comerciais modernas e com estacionamento.
Como o Café Rex remonta ao ano de 1948 (o nome original era Café Bordin), não vamos aqui fazer um levantamento histórico desses 70 anos. Exigiria um trabalho de historiador ou memorialista, mas um pouquinho dessa história a gente foi pinçando daqui e dali e, principalmente, conversando com dois irmãos que tiveram boa parte das suas vidas ligadas ao Café. José Idalino Neto, o Zeca, e Manoel Carlos Idalino, o Lelo, pela confiança depositada pela família Athayde (que comprou o prédio), foram respectivamente proprietário e funcionário do Rex por muitos anos. Em 1967, Zeca começou a conviver com os Athayde, especialmente João Horildo, Orico e Dona Serilda. Dedicava-se ao Café com afinco, a ponto de ser convencido por Dona Serilda que poderia ser o dono. Ao completar 21 anos em 1974, e à custa de muito trabalho para pagar a compra, Zeca passou a ser legalmente o locatário. O movimento daquela esquina era tanto, devido à concentração do pessoal que ia e vinha de localidades como Salto, Canastra, Bugres e as linhas São João e São Paulo, e ao próprio Café, que tornou os irmãos Idalino espectadores privilegiados da vida da cidade na João Pessoa. Haviam outros bares mais perto da praça central, como o Sinuelo, o Brasília e o Alvorada, mas muitos ilustres preferiam aperitivar no Café Rex, como Bertholdo Oppitz, Cláudio Engelmann, Deci Zarth, Ivo Bohrer, Norberto Noé, Darci Galli e Lauro Stumpf.
Aberto sete dias por semana, por anos a fio, no Café Rex era produzido um sorvete artesanal que nada fica devendo às melhores sorveterias de hoje. Lelo e Zeca ainda têm a receita na ponta da língua, lembrando que iam a Porto Alegre buscar um ingrediente para que o gelado do Café Rex mantivesse a qualidade e a fama. Até leite a granel se comprava lá: era deixado pelo caminhão da extinta Corlac e vendido em garrafas de litro. Já o folclore do lugar conta com casos engraçadíssimos, um deles acontecido quando o Destacamento da Brigada Militar ficava bem ao lado. Como esse prédio também foi dos Athayde, ele se comunicava com o Café por uma passagem interna. Tal ligação era muito útil para um certo brigadiano plantonista, que podia assim, bebericar um “martelinho”. O que o soldado não sabia é que um tenente já estava desconfiando. Pego em flagrante, certo dia, quando ia receber o copinho cheio, com presença de espírito gritou com Zeca: “como é que tu me dá uma furada dessas? Eu te peço uma caixa de fósforos e tu me traz um copo de cachaça?” Ainda no assunto álcool: para quem quisesse usar o telefone do Café com privacidade, foi instalada uma cabine fechada. Só que a tal cabine era usada, também, por apreciadores de um gole que não queriam beber, digamos, publicamente! Ou então em dias de eleições, quando é proibida a venda de bebida alcoólica. Para esses, ao lado do assento, havia conhaque, limãozinho e outros. Moral da história: todo dia entrava alguém perguntando “se a cabine estava vaga”. Só que não queriam, exatamente, telefonar.
O tempo passou, em 1980 José Idalino passou o bastão do Café Rex a Ingo Ramm e outros donos ainda se sucederiam. São outras páginas, desse lugar que se foi, ainda a ser contadas.

Memórias com sabor de sorvete

Foto antiga do prédio

Memórias com sabor de sorvete

José Idalino Neto e Manoel Carlos

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