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O ESSENCIAL NÃO ESTÁ NA PRIMEIRA PÁGINA
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O ESSENCIAL NÃO ESTÁ NA PRIMEIRA PÁGINA

O ESSENCIAL NÃO ESTÁ NA PRIMEIRA PÁGINA

Ao contrário do que, logo após as eleições presidenciais, afirmou em vídeo um ignóbil que se diz historiador, Canela é uma cidade apaixonante tanto para turistas quanto aos moradores e são muitos os aspectos que alimentam essa sentimento de bem-estar que mantém pulsante o desejo de aqui permanecer. Vou me deter nas ruas impecavelmente limpas - muitas delas, floridas; a sensação de segurança; a excelência dos veículos de comunicação; a boa organização da comunidade, sempre disposta a contribuir quando chamada; a boa oferta de serviços de saúde e educação,além de uma gestão ocupada em deixar como legado uma infraestrutura adequada.

Nossa riqueza humana foi percebida desde a construção das barragens, dos trens que chegavam lotados de veranistas para se hospedar no Grande Hotel, Bela Vista ou Hotel Central, nossos talentos e criatividade já foram notadas desde o primeiro Congresso Brasileiro de Artes Cênicas em 1979 e reforçados nos Rodeios, nos Bonecos...

Já foram condenados à demolição e ao esquecimento alguns dos mais importantes símbolos edificados da cidade e meu apelo é para que comecemos a atentar para nosso patrimônio imaterial ou seja, nossa habilidade em bem receber, nossa conhecida e admirada simplicidade, além da necessidade de deixar fluir o entendimento de que o turista quer conhecer nossa história e a cultura desse povo.

Parece que os esforços da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e da ACIC não estão sendo suficientes para convencer empresários, gestores públicos e trabalhadores da necessidade de um esforço concentrado que exija adequadas formações e informações objetivando humanizar e personalizar o turismo, que se alimenta de divulgação, oferta de bons serviços, preços justos, excelência na atenção ao consumidor e a valorização e a preservação da memória/folclore/natureza e diversidade cultural local.

Enquanto são utilizados valores consideráveis em alguns eventos que nem sempre alcançam a repercussão desejada, pouco ou quase nada se investe na formação, no preparo desses que chegam todos os dias para aqui viver e por isso já são parte da comunidade; nos trabalhadores da cultura que são imprescindíveis aos espetáculos locais ou exportados e das encenações realizadas nos parques temáticos; nos que movem o mundo da gastronomia e da hotelaria, carecendo apropriar-se de hábitos, costumes, temperos e sabores locais. Louváveis os esforços da UCS, D’arte, Gazebo, porém –insuficientes.

É perceptível a carência de conhecimentos específicos sobre a Cidade, sua história e seus atrativos, além do ensino de outros idiomas, pelo menos o espanhol. Isso sem falar na diversidade e acessibilidade. Ainda não percebi interesse no preparo para bem receber deficientes físicos, visuais, auditivos que representam 12,5 milhões de brasileiros ou seja 6,7% da população, isso sem falar nos 14,7% de idosos que são o alimento do turismo de algumas regiões catarinenses. Ignoramos, então, ignoramos 21,4% de potenciais clientes.

O setor do turismo é fonte de excelentes notícias com anúncios de investimentos na ordem de 5 bilhões no município, porém nos deparamos com os preços exorbitantes, superfaturamentos que ultrapassam aos 200% ou 300% nos locais frequentados pelos visitante e alguns teimosos canelenses que, como eu, ainda insistem em consumir nos cafés, confeitarias, restaurantes e outros estabelecimentos. Preço abusivo, porém, com serviço precário, sendo comum encontrar atendentes inábeis beirando ao desprezo, agindo com arrogância em lugar do acolhimento aos clientes. Nessas horas o turista sente vontade de voltar para casa e não é isso que queremos....

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