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O Sinuelo nas palavras de Pedro
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O Sinuelo nas palavras de Pedro

Na edição de 5 de março último, sob o título “O Sinuelo de boas lembranças”, com a ajuda de Ana Glenda Viezzer relatamos um pouco do cotidiano desse bar de Canela que fez fama e clientela. Excepcionalmente, estamos voltando ao assunto e a esse endereço na Júlio de Castilhos porque as histórias de bares que ficaram na saudade são ainda melhor se contadas por quem trabalhou neles. Pedro Oliveira, folclorista canelense, preservador da memória e nosso colunista trouxe para o leitor mais detalhes e episódios daquele bar muito bem frequentado, principalmente na década de 1960.
Formalmente falando, Pedro não foi um “contratado” da casa porque, quando era um prestativo ajudante no bar, então de seu primo Gaspar de Oliveira, tinha... 12 anos! Eram os idos de 1965/66, Pedro morava na casa no terreno vizinho ao Sinuelo (também do Dr. Ruy Vianna Rocha) e o deixavam ir ao bar, logicamente, depois de fazer as tarefas da casa e os temas de escola. O Sinuelo, para ele, era um mundo. Naquele ambiente decorado com temática gaúcha, observava atentamente o trabalho do garçom principal da época, Ariberto Fauth. Sabia que um determinado casal (ele, médico), ia sempre aos domingos à tarde saborear a mesma torta, sabia que as turmas de moças mais velhas gostavam de Cuba Libre e que outras pediam a popular Gilda, ou seja, Pepsi com sorvete. E muita Grapette, inesquecível refri de uva, numa época em que, talvez, tenha sido menos patrulhada a presença de mulheres solteiras em bares, desde que o ambiente fosse sadio.
A maior frequência de famílias e casais acontecia nos finais de semana, sendo que, no domingo à noite, dava correria para pegar bons lugares nos bancos confortáveis para assistir às lutas livres na TV do bar. Era o Ringue Doze Tevelar, transmitido pela TV Gaúcha. Pedro e a plateia do Sinuelo se impressionavam com os duelos teatrais dos lutadores/artistas Fantomas, Gran Caruso, Estrela de Prata e Dr. X, entre outros. Correu um boato pela cidade, na época daqueles telecatchs do Canal 12, que o mascarado lutador Dr. X poderia ser um morador de Canela, médico, aficionado das artes marciais que passava os fins de semana em Porto Alegre: o Dr. Esmeraldo Mendes Pereira, que nunca disse que sim nem não. Anos mais tarde, Pedro Oliveira se tornaria aluno de karatê do Dr. Mendes, que chegou a fazer troca de grau (Dan) no Japão.
Quanto aos frequentadores de segunda a sexta, Pedro Oliveira via entrar não só os que gostavam imensamente de um copo, mas os que iam para jogar e botar conversa fora. Lembra que Milton Schaeffer, o conhecido Maçarico, passava religiosamente para jogar Damas com o delegado Marcelo Ceroni e que muitos pais e irmãos de famílias tradicionais como Wender, Urbani e Viezzer batiam o ponto. Com direito a muitas brincadeiras, como fez, certa feita - ao menos creditam o fato a ele - Rudi Schlieper, pai de Guido, Gilberto e do ex-prefeito Günther, soltando um rojão dentro de uma caixa de lixo no Sinuelo e saindo “de fininho”. Oliveira lembra bem do susto.
Após Gaspar de Oliveira e administrado por outros canelenses ligados ao tradicionalismo (como Sebastião Ramirez da Rosa, o Tio Pequeno), ou não (como Max Feldmann), o Sinuelo continuou por anos produzindo boas páginas da crônica da cidade.

 

 

Pedro Oliveira mostra uma relíquia que guardou do Bar Sinuelo: a pequena sineta que ficava na entrada do bar e muitos clientes tocavam. Trata-se na verdade de um cincerro, igual ao que é colocado no animal que vai à frente de uma tropa.
Esse boi ou cavalo é chamado de Sinuelo.

Nessa foto de 1961, bem à esquerda está a porta de entrada do Sinuelo. O bar não tinha identificação na fachada, somente via o nome quem olhava para dentro dele.

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