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Operação Cáritas atinge políticos e abala Canela
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Operação Cáritas atinge políticos e abala Canela

Canela, 8 de novembro, 7 horas. A cidade amanheceu com um grande aparato policial que buscava cumprir ordens judiciais de prisão preventiva e também de busca e apreensão. Dezenas de policiais civis e dois delegados foram às ruas para cumprir os mandados.
As medidas de detenção expedidas pelo juiz Vancarlo André Anacleto, da 1ª Vara da Comarca de Canela, tinham como alvo três agentes públicos: o presidente da Câmara de Vereadores, Alberi Galvani Dias, o secretário de Obras, Luiz Cláudio da Silva, o Ratinho, e o assessor jurídico do paço municipal e interventor do Hospital de Caridade de Canela (HCC), Vilmar da Silva Santos, ambos lideranças do MDB. Santos também presidia a legenda, que administra o município há cinco anos e comandava a casa de saúde que está sob intervenção municipal. Eles receberam voz de prisão e foram encaminhados ao Presídio Estadual de Canela, onde permaneceram reclusos por pouco mais de 24 horas até ganharem liberdade. A ofensiva policial, batizada de Cáritas (caridade em Latim), não abalou somente o governo municipal, mas também Canela como um todo. A operação, supervisionada pelo delegado regional Heliomar Franco e coordenada pelo titular da DP canelense, Vladimir Medeiros, com autorização judicial, também afastou por 60 dias em caráter cautelar das suas funções, o secretário de Turismo e Cultura, Ângelo Sanches, o secretário adjunto de Obras, Osmar José Zangalli Bonetto, e também um servidor comissionado (CC) lotado na Secretaria de Obras.
Investigações iniciadas em abril, a partir de uma denúncia sobre desvio de materiais de construção do HCC para fins particulares, indicou a existência de uma suposta rede de corrupção instalada na esfera pública, envolvendo os poderes Executivo e Legislativo.
O levantamento técnico contou com o auxilio de órgãos especializados da Polícia Civil e apontou que uma organização criminosa pode ter sido formada para desviar verbas, fraudar contratos e promover o enriquecimento ilícito de agentes políticos e funcionários da Prefeitura e Câmara de Vereadores de Canela. “Descobrimos a existência de uma organização criminosa com membros infiltrados no Executivo e Câmara”, afirma Medeiros.
Uma das suspeitas que está sendo apurada é a contratação por parte da Prefeitura de um instituto para administrar o HCC, que, segundo as investigações, tem vinculação direta e pessoal com políticos locais. A responsável pelo instituto é a advogada Adriana Seibel, esposa de Nestor Seibel, que é sócio de Santos em pontos comerciais no Parque Skyglass. “Nós pudemos apurar que se trata de uma organização criminosa com membros que atuavam com divisões de tarefas bem estabelecidas para se utilizar do Poder Público para benefício do próprio grupo”, afirma o delegado Medeiros.
O inquérito policial aponta que o grupo cometeu crimes contra a administração pública, peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, concussão, falsificação de documentos, uso de documento falso, crimes em licitações, lavagem e ocultação de bens ou valores. “É a maior operação de combate a corrupção da Polícia Civil no interior do Estado”, afirma.
Conforme o delegado, a investigação apurou a existência de um possível esquema de fraude de orçamentos para a contratação com o poder público em que empresas de fachada ligadas a agentes políticos e servidores públicos venciam as disputas públicas para a realização de serviços para a Prefeitura. Outra ponta do inquérito apontou que servidores com cargos em comissão deixavam parte do salário para a organização, não como doação espontânea, mas como exigência para continuarem empregados. “Descobrimos a existência de uma rachadinha canelense que faturava R$ 20 mil mensais. Em quatro anos, foram desviados mais de R$ 1 milhão”, frisa Medeiros. O delegado ainda cita que líderes políticos eram proprietários ou sócios de negócios dentro do Skyglass. Nesta situação, a Polícia busca esclarecer se houve algum tipo de facilitação de autoridades municipais para viabilizar a construção do complexo turístico e contrapartida a políticos por parte da empresa.
Ao todo, a Operação Cáritas investigou, durante sete meses, 40 pessoas, cumpriu 176 medidas judiciais em residências dos investigados, órgãos públicos e empresas, mobilizando 175 policiais. As diligências foram realizadas simultaneamente em Canela, Gramado, Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo, Bom Princípio, Itajaí e Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina. Após varreduras em estabelecimentos públicos e privados e também nas residências dos suspeitos, foram recolhidos computadores, documentos, celulares, duas armas e uma quantia em dinheiro. O Judiciário também decretou a quebra dos sigilos bancários e telefônicos dos envolvidos, além da alienação de 11 veículos e bloqueio de valores de contas correntes. “São inúmeros contratos que serão avaliados. O material será analisado por uma perícia contábil. Estamos vendo a participação de pessoas nomeadas para ocupar cargos de confiança que fizeram a privatização do serviço público em benefício próprio”, observa o delegado regional Heliomar Franco.
Conforme a autoridade policial, o prefeito Constantino Orsolin não é alvo da Cáritas. “Não há elementos indicando que ele tem participação nos crimes”, afirma Franco. Tanto ele quanto o delegado Vladimir Medeiros acreditam que a Operação Cáritas terá novos desdobramentos.

CONFIRA O QUE DIZEM AS DEFESAS DOS INVESTIGADOS

A Justiça canelense, representada nos autos do processo pelo juz Vancarlo Anacleto, relaxou a prisão dos acusados Vilmar Santos, Luiz Cláudio da Silva e Alberi Dias. Os políticos ficaram pouco mais de 24 horas encarcerados na mesma cela, em um espaço prisional especial denominado “Cela dos Trabalhadores”, destinada a abrigar apenados condenados, mas que prestam serviços na cadeia como forma de redução de pena. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção Canela-Gramado supervisionou as instalações.

Em uma audiência de custódia presidida por Anacleto e acompanhada pelo promotor de Justiça, Paulo Vieira, realizada na terça-feira (9), Vilmar Santos, Luiz Cláudio e Alberi Dias colocaram seus cargos à disposição pelo período de 60 dias e comprometeram-se a não se aproximar de testemunhas e a comparecer em todos os atos judiciais que forem intimados, em troca de liberdade. Desta forma, o juiz revogou a prisão dos mesmos. “O risco que entendi presente quando da decisão anterior também não se mostra mais presente, pois sem tal poder e influência, a coleta de depoimentos e prosseguimentos das investigações não sofrerá prejuízos”, justificou o magistrado no alvará de soltura. Confira o que dizem as defesas dos três presos na Operação Cáritas e também de outros citados na investigação.

LUIZ CLÁUDIO E ÂNGELO SANCHES

“A defesa técnica de Luiz Cláudio da Silva, Ângelo Sanches e Carolina B. Sanches, esclarece que ainda não teve acesso integral aos autos. Não há sequer indiciamento. Sem embargo, pontua que em conversa pessoal com os investigados, estes afirmam sua inocência quanto a todas as suspeitas até então levantadas, e estão à disposição da Justiça para os esclarecimentos que as autoridades entenderem pertinentes. Vamos colaborar naquilo que estiver ao nosso alcance, para o melhor desfecho das investigações. O esclarecimento de todos os fatos e a eliminação de todas as especulações sobre a conduta é de nosso interesse particular”, diz o advogado criminalista, Ricardo Cantergi.

VILMAR SANTOS

A defensora de Vilmar Santos, a advogada Rosilá Salbego Lopes, informou que “as manifestações defensivas serão exclusivamente nos autos, confiando que o esclarecimento dos fatos revelará a inocência de Vilmar”.

OSMAR BONETTO

Apontado pelas investigações desenvolvidas até o momento, como operador da “rachadinha canelense”, o ex-secretário adjunto de Obras e um dos vice-presidentes do MDB, Osmar Bonetto, declarou que está cumprindo a ordem judicial de afastamento por 60 dias da sua função na máquina pública. “No momento oportuno, meu advogado irá se manifestar”.

ALBERI DIAS

A reportagem oportunizou a defesa de Alberi Dias manifestação sobre as acusações que pesam sobre o parlamentar, mas até o fechamento desta edição, o advogado Ademir Campana, que assiste Dias no processo, não encaminhou contraponto. Da mesma forma, a advogada Adriana Seibel, citada na investigação, também não se manifestou.

PREFEITURA

Em nota enviada à imprensa, a Prefeitura informou: “Em relação aos fatos ocorridos em Canela, já amplamente divulgados pelos veículos de comunicação, a Administração Municipal vem a público esclarecer que:

a) O prefeito Constantino Orsolin não foi citado em nenhum momento na operação e não é alvo das investigações policiais, conforme afirmação do delegado responsável pela ação;

b) A Administração Municipal vai acatar as decisões judiciais, não compactua com qualquer tipo de irregularidade e está à disposição para colaborar com as investigações policiais;

c) As determinações judiciais impostas foram cumpridas e o município está aguardando as medidas cabíveis e aplicáveis na defesa dos interesses públicos e dos envolvidos;

d) A Administração Pública está abrindo um processo administrativo interno para apuração dos fatos e sua posterior divulgação à comunidade;

e) Por fim, o prefeito Constantino Orsolin ressalta que foi surpreendido pelo ocorrido, que acredita na boa fé dos servidores e agentes políticos, não compactuando com nenhum tipo de irregularidade que venha a prejudicar a lisura na administração pública;

f) A Prefeitura de Canela segue trabalhando em prol da comunidade”

SKYGLASS CANELA

 “Skyglass Canela informa que, desde a sua conceituação e construção, sempre teve valores como ética e transparência absoluta como seus pilares, sem proporcionar qualquer favorecimento político ou de outra natureza a qualquer pessoa, empresa ou órgão público, mantendo lisura em todos os seus processos e contratos, utilizando-se para tal do sistema bancário vigente. A relação com os lojistas que operam no empreendimento é estritamente por meio de contrato de locação de espaço para a oferta de seus produtos e serviços. O Skyglass Canela está colaborando com as investigações e totalmente à disposição das autoridades neste caso”, diz comunicado enviado pelo atrativo turístico.

PARTIDO MDB

Já o MDB, emitiu nota dizendo que: “Em relação aos fatos ocorridos na segunda-feira, amplamente divulgados pelas mídias, o MDB de Canela vem a público esclarecer que acredita no projeto que alçou Canela a um patamar de desenvolvimento jamais visto na história do município. Todos os envolvidos no caso que está sendo investigado pela Polícia Civil foram afastados de suas atividades partidárias de forma voluntária.

O MDB de Canela preza pelo respeito mútuo e pela pluralidade de ideias. Assim, repudia qualquer tipo de ofensa, ameaça, discriminação, preconceito ou conduta vexatória, seja no âmbito do partido ou na vida privada dos seus integrantes.

O MDB é o maior partido político de Canela e continuará sendo, pois tem uma vasta história de relevantes serviços prestados a esta comunidade. Uma nova Executiva está sendo montada, assim como uma comissão provisória para acompanhar a apuração dos fatos noticiados.

A respeito deste assunto, O MDB de Canela se coloca à disposição das autoridades, bem como da nossa comunidade e dos filiados para quaisquer esclarecimentos.

Lembramos que qualquer juízo de valor neste momento é precipitado e acreditamos que no final deste processo a verdade prevalecerá. Por fim, continuamos trabalhando firme em prol da nossa comunidade.”

PODER LEGISLATIVO

A Câmara Municipal de Canela informou que os trabalhos continuariam normalmente. “A Mesa Diretora informa que, embora o órgão não esteja sob investigação, permanece à disposição das autoridades que conduzem as investigações para o esclarecimento de quaisquer dúvidas. Diante do impedimento do presidente, assume os trabalhos da sessão e da Câmara Municipal, a vice-presidente do Legislativo, Vereadora Emilia Guedes Fulcher”, informou a Câmara de Vereadores.

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