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Velozes no campo, companheiros em casa
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Velozes no campo, companheiros em casa

Nos anos em que Eduardo Pinto Gonçalves foi meu colega no então Ginásio Maria Imaculada, lembro que ele era o melhor desenhista da turma. (Talento herdado com láurea pela filha Mayã, criadora de mangás e tatuadora). Passado um bocado de tempo, nessa semana pude constatar que Deco (63) continua artista e foi se aprofundar nas artes plásticas com o mestre Mario Palermo, que já nos deixou. Entre outras obras, Eduardo esculpe, em isopor, resina e na madeira cachorros galgos. Eles e seu criador são, enfim, o assunto da Salada Cultural de hoje.

Velozes no campo, companheiros em casa

Eduardo e os três galgos que mantém hoje: Thor, Muhlan e Maguila.

Falar em galgos remete à velocidade. A paixão infantil que Eduardo tinha por cavalos, cujas “carreiras” em Canela o levavam para assistir, e como era impossível ter um, ele inconscientemente transferiu para outro animal, menor e até mais veloz. Seu tipo predileto de galgo, o Greyhound, é o animal de quatro patas que só perde para o puma no quesito velocidade.
Há 15 anos Eduardo possui cães galgos. São cachorros que, por seu porte e por gostarem de amplos espaços para correr, é um tanto complicado criar em uma residência. Mas para Deco e sua família isso não é problema, pois a admiração que ele passou a ter por galgos genuínos, depois de possuir cães de outras raças, é tanta que contagiou a esposa e a filha. Estes cães, adquiridos dos bons criadores, não são uma aquisição barata, portanto Eduardo sempre teve que economizar para tê-los. Mandela, o segundo Greyhound que possuiu, era filho de Adriano, um cão que se tornou uma lenda da raça na Argentina.
Hoje, Deco é uma referência em Canela para os interessados em conhecer ou saber como é criar um galgo autêntico. A Whippet é outra variedade de galgo que Eduardo teve e tem. Ele começou comprando um galgo em Gramado, depois ficou cliente, entre outros, do criador Carlos Antonacio, de quem adquiriu Tango, resultado de uma cruza de galgo Irlandês com Americano. “A minha mulher sempre me disse que eu não sou bom negociante”, brinca Eduardo, ao falar que, quando ele resolvia vender algum filhote de ninhada, poderia pedir mais. É que para Deco, mais importante que o dinheiro, sempre foi conhecer quem estava levando um filhote seu para casa ou alguma fazenda. Se desconfiasse que os tratos não seriam os melhores, não tinha negócio. Algumas vezes ele deu filhotes.

Velozes no campo, companheiros em casa

Velozes no campo, companheiros em casa

Em imagem de 2007, Márcia Gonçalves com “Tango” e a fêmea “Kiara”, o primeiro galgo, comprado em Gramado. Na foto ao lado, “Mandela”, filho de campeão argentino.

Voltando à velocidade: os galgos são também chamados de lebréis por possuírem aptidão natural para capturar as ágeis lebres, por isso são cães de fazenda. Muitos são, infelizmente, criados para corridas. Ingenuamente, quando adquiriu seus primeiros galgos (a cadela Kiara e Uriel), Eduardo Gonçalves pensava em vê-los disputando corridas. Quando ele constatou que, para competirem, eram injetados estimulantes como a cafeína nos galgos, desistiu da ideia, mas não de tê-los. Entre aquisições e ninhadas de casa, houve período em que chegou a ter onze galgos em casa, hoje ele e a esposa Márcia têm três, que levam para passear e para correr em propriedades de amigos. No projeto da futura casa que farão, já tem lugar especial para os cães.

As corridas proibidas

Em janeiro desse ano uma reportagem do Fantástico, dos repórteres Raphael Sibilla, Giovani Grizotti e Glaucius Oliveira documentou a prática cruel das corridas de galgos. Foi mostrado que, após a proibição de tais corridas no Uruguai e na Argentina, elas se intensificaram no RS, especialmente nas cidades mais próximas da fronteira, como Bagé, Santana do Livramento, Quaraí e Aceguá. A repercussão da reportagem apressou investigações do Ministério Público e gerou algumas manifestações em defesa das corridas. Galgueiros alegam que, ao invés de proibir as corridas, deve-se punir exemplarmente os criadores que injetam estimulantes nos animais antes das provas.
Criadas nos Estados Unidos, também lá a pressão para a extinção das corridas aumenta. Somente em cinco estados americanos elas acontecem hoje. Já a meca dos que curtem as corridas de Greyhounds continua sendo o Reino Unido. Nada a se admirar, considerando a paixão dos britânicos pelas apostas. As corridas acontecem na Inglaterra, Escócia e Irlanda em diversos lugares e aquelas regularizadas pelo Greyhound Board of Great Britain têm como palco os 19 estádios construídos para esse fim. Nos idos de 1992, esse colunista assistiu corridas em uma noite de verão no belo Brighton & Hove Greyhound Stadium, na litorânea Hove, Inglaterra. Como no turfe, antes de cada páreo era grande o movimento nos guichês de apostas.

Velozes no campo, companheiros em casa

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Nas imagens de quase 30 anos atrás, o aparato de um estádio para corridas de galgos no litoral da Inglaterra e a apresentação dos competidores.

Se o Reino Unido, no entanto, possui as corridas de galgos como uma verdadeira instituição esportivas os ingleses e vizinhos se esforçam para mostrar ao mundo que as Greyhound races são grandes provedoras de recursos para o bem-estar dessa raça canina. Segundo o Fundo Britânico de Corridas de Greyhounds (BGRF), somente de 2015 para cá foram investidos 13.5 milhões de libras para melhorar a segurança e o bem-estar desses cães de corrida. O montante é oriundo principalmente das apostas e outro tanto de doações.

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“Cuidando do seu Greyhound” é um dos tantos guias e campanhas inglesas de conscientização. A adoção de cães na “aposentadoria” depois da corridas é uma tônica.

 

 

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